terça-feira, 30 de março de 2010

Sem sinal

Sentou-se. Olhou-o longamente. Como podia deixar que uma coisa daquele tamanho ditasse sua vida? Talvez porque o seu tamanho não demonstrasse sua importância( Ou seria insignificância?). Ele, daquele porte ínfimo, que alcançava tantas milhas, tinhas as mais variadas cores, portava-se de diversas maneiras, e envolvia a todos com as mais diversas artimanhas, não só a ela prendia. Todos deixavam-se comandar por aquela coisa fútil. Deixavam que suas vidas se tornassem escravas daquele que se dizia tão útil.
Mas para ela, naquele dia, seus dias de garantia estavam contados. E após observa-lo delicadamente, conhecer todas as suas minúcias, quase como um procedimento cirúrgico, ela começou sua libertação. Retirou segura a parte que o alimentava; logo em seguida, retirou aquele pedacinho de plástico que lhe dava personalidade, que gritava que ele o pertencia. Em poucos segundos, estava feito. O corpo inerte largado em cima da mesa. Desmontado. Inútil. Não mais lhe atormentaria o sono.
E sem pensar duas vezes, jogou-o no lixo. Não guardaria lembranças. Poderia agora viver em paz consigo mesma. Estava farta de passar os dias esperando uma ligação que não vinha. Cansada de sentir-se aprisionada na própria insegurança - que ele causava.
Riu sozinha a imaginar a cena.

" - Tem celular?
- Não. Eu matei o meu. Mande-me uma carta."

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