quarta-feira, 31 de março de 2010

Tuas verdades não ditas

- Talvez eu seja só a pessoa errada na vida errada..
- Não. Você é a pessoa certa, na vida certa, mas que escolheu fazer tudo errado.


Por isso odiava conversar com o espelho. Ele sempre lhe jogava as verdades na cara.

terça-feira, 30 de março de 2010




[...]






Não é que me falte inspiração.
Falta-me amor.
E quando isso me falta, desaprendo a respirar.

Sem sinal

Sentou-se. Olhou-o longamente. Como podia deixar que uma coisa daquele tamanho ditasse sua vida? Talvez porque o seu tamanho não demonstrasse sua importância( Ou seria insignificância?). Ele, daquele porte ínfimo, que alcançava tantas milhas, tinhas as mais variadas cores, portava-se de diversas maneiras, e envolvia a todos com as mais diversas artimanhas, não só a ela prendia. Todos deixavam-se comandar por aquela coisa fútil. Deixavam que suas vidas se tornassem escravas daquele que se dizia tão útil.
Mas para ela, naquele dia, seus dias de garantia estavam contados. E após observa-lo delicadamente, conhecer todas as suas minúcias, quase como um procedimento cirúrgico, ela começou sua libertação. Retirou segura a parte que o alimentava; logo em seguida, retirou aquele pedacinho de plástico que lhe dava personalidade, que gritava que ele o pertencia. Em poucos segundos, estava feito. O corpo inerte largado em cima da mesa. Desmontado. Inútil. Não mais lhe atormentaria o sono.
E sem pensar duas vezes, jogou-o no lixo. Não guardaria lembranças. Poderia agora viver em paz consigo mesma. Estava farta de passar os dias esperando uma ligação que não vinha. Cansada de sentir-se aprisionada na própria insegurança - que ele causava.
Riu sozinha a imaginar a cena.

" - Tem celular?
- Não. Eu matei o meu. Mande-me uma carta."

sábado, 27 de março de 2010

...afinal, há é que ter paciência, dar tempo ao tempo, já devíamos ter aprendido, e de uma vez para sempre, que o destino tem de fazer muitos rodeios para chegar a qualquer parte (...)

José Saramago

segunda-feira, 22 de março de 2010

Errante

" Fujo das coisas ao passo que persigo outras."

(Felicity)

domingo, 21 de março de 2010

Procura-se



Um amigo.
Daquele que saiba conversar até te fazer esquecer os problemas. Que saiba te ouvir, até fazer aquela angustia vazar do peito pra fazer te sentir mais leve. Que tenha aquele dom de te fazer rir, cujo abraço seja apertado e o coração do tamanho do mundo. Que não te abandone, que não te mime e não tenha medo de te dizer quando passou dos limites. Que aceite desculpas, peça desculpa e saiba perdoar. Que saiba ter medo junto, e que goste de caminhar. Que fale. Tanto ou quando ouça. Porque mais importante que ouvir, é saber escutar. Alguém onde a palavra amigo seja permanente. Que deseje compartilhar vitorias, e mais que isso, que faça parte delas. Alguém que some e não suma e não te exclua.
Alguém que te ame. Do jeito que você é. Que te melhore. Um amigo, desses que faz a gente entender, que viver e ganhar sozinho não tem graça. Um desses pra quem a gente corre pra abraçar. Desses que te ajudam a segurar firme a barra, e te fazer ter certeza que no final tem sempre uma luz e um abraço.


(Porque hoje, as pessoas não se conhecem. Se fecham num mundo que criam. E acham que sozinhas conseguirão tudo. Que lá no topo de suas vidas vazias, sozinhas, estão imunes a dor. E são incapazes de perceber que amizade vai muito além de uma palavra.
Esse post é dedicado a todos os meus amigos. Não tenho muitos, mas os tenho por toda parte.
Sempre. E eles me fazem feliz, muitas vezes sem perceber, sem saber. E porque me ajudam e me ensinam, todos os dias, a destruir os muros e construir as pontes. )

"Amigo que é amigo quando quer estar presente
faz-se quase transparente sem deixar-se perceber
Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar,
se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer
Amigo a gente acolhe, recolhe e agasalha
e oferece lugar pra dormir e comer
Amigo que é amigo não puxa tapete
oferece pra gente o melhor que tem e o que nem tem
quando não tem, finge que tem,
faz o que pode e o seu coração reparte que nem pão.."

Zélia Duncan

Espelho meu

Olhos oblíquos me fitam, me encaram.
Um rosto sem nome
a me olhar no espelho vazio da casa.
Eu olho.
Retribuo o olhar e me vejo, insensata.
Perdida, olhando pra um rosto estranho, centrada.
Estranho e vazio.
Serei eu o nada?

quarta-feira, 17 de março de 2010

Nós


Você foi o que de melhor aconteceu na minha vida nesses últimos anos. Você apareceu quando eu já não procurava. Você me conquistou, me domou, me fez feliz. Você me permitiu ser menina, ao mesmo tempo em que me fazia ser mulher. Você me fez crescer. Me fez querer ser mais. Você me fez amar o silencio do outro lado da linha. Fez meu coração bater mais forte quando o telefone tocava de madrugada. Ou quase parar de bater, quando deixava chamar continuamente depois de uma briga. Você me deixou correr pro seus braços e fazer deles abrigo. Me deixou te amar e te deixar sem saída. Você me amou. Tanto ou quanto eu te amo. E não existe distancia, que destrua as lembranças que colecionamos. E vai ter sempre no meu coração um pedaço só seu. Onde o nós, existira pra sempre.


"Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada"

(Caio F. Abreu)

quarta-feira, 10 de março de 2010

Das sutilezas da dor


De cima das passarelas o chão sempre me pareceu tentador.
Evitei-as hoje, o dia todo.
Algo me sussurrava que elas me pareceriam irresistíveis.

Dúvida


Eu queria não ter curiosidade.
E você, passado.




"Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado..."

segunda-feira, 8 de março de 2010

Dos meus arco-íris inventados


Chovia na minha vida. Chovia tanto e chovia muito e eu vivia ensopada de tanta agonia. Enquanto as magoas caiam do céu, o pranto caia do rosto. E a chuva triste e amarga resfriava a alma, acinzentava a vida.
Mas o tempo passa. Só não resolvia passar a chuva maldita. E cansada de fazer tempestade, de me esconder em casa e desistir ao primeiro pingo,
Comprei um guarda de chuva de mundo, amarelo, pra colorir minha vida.
E sai.

Porque meu bem,
já está na hora de me permitir.
Se é pra molhar, que seja! Eu vou viver minha vida.


"O meu corpo não quer descansar
Não há guarda-chuva (não há guarda-chuva)
Contra o amor..."

Titãs